sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sugestão de leitura

http://www.livroseeditoras.com.br/index.php/catalogsearch/result/?q=Eusébio+Lôbo+da+Silva+(Mestre+Pavão)

Pessoal, esses são alguns dos livros que estou lendo e que esclarecem várias dúvidas sobre a capoeira...







Recomendo!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mestra

Kátia Simone Gomes Farias de Abreu, responsável pelo Grupo de Capoeira Equilibrio no Brasil, tornou-se no último dia 9, a PRIMEIRA MESTRA do Grupo Equilíbrio.

Todos nós a parabenizamos por essa conquista e desejamos muito sucesso e muito axé nessa nova fase!!!

Kátia recebendo o cordão branco de Mestre Eduardo Storti, fundador do Grupo de Capoeira Equilíbrio.

SALVE!!!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

As Sete Portas da Bahia - Capoeira



‎"Mestres muitos houve e há na Bahia: Pantalona, Zé Doú, Sessenta, Samuel Querido de Deus, Zé Quebra-Ferro, Gasolina, Bilusca, Ajé que era pintor, Chico Porreta, Cazumbá que era açougueiro, e só cortava carne de boi de fraque e garrucha ao cinto, Besouro que era bom faquista Angola mas jogador escasso, Tibiri da Folha Grossa, Najé que morreu lutando contra cinco peixeiros no porto da Barra.‎E os atuais: Pastinha, Onça Preta,Reginaldo, Valdemar Traíra, Curió, Canjiquinha, Mestre Bimba, Cobrinha Verde e Bráulio."

- Trecho do Livro "As Sete portas da Bahia" de 1976, Carybé.

terça-feira, 20 de julho de 2010

DOCUMENTÁRIO

Salve capoeiras!

Aqui vai uma resportagem sobre a capoeira feita por Helvídio Mattos, produzido por Regiane Wohnrath e apresentada por Adriana Saldanha e exibido pelo canal ESPN Brasil.

Esta reportagem reúne aparições e declarações de grandes capoeiristas como Mestre Pastinha, Mestre João Pequeno, Mestre Decânio, Mestre Nenel, Mestre Itapoan, Mestre Cobrinha Mansa, Mestre Camisa, Mestre Arthur Emídio, Mestre Nestor Capoeira, Mestre Damião, Mestre Brasília, Mestre Suassuna, Mestre Peixinho, Mestre Toni Vargas, Contra-mestre Faísca, dos historiadores Muniz Sodré, Jaime Sodré e Carlos Eugênio Libano Soares e do violonista Baden Powell.
Um fato curioso que aparece nesse documentário é Mestre Genaro como compositor de uma das músicas mais conhecidas e cantadas nas rodas, Paranaê.

PARTE 1


PARTE 2


PARTE 3


PARTE 4


PARTE 5


PARET 6


PARTE FINAL


Axé!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

MÁRTIR DA CAPOEIRA - FINAL

Duelo de titãs
Atacaram-se, mas não em sentido pessoal. Bimba e Pastinha jamais se hostilizaram individualmente. Nunca gingaram juntos, nem mesmo se visitaram em toda a existência. Existem registros raros de encontros casuais entre os dois, como no 1º Festival de Capoeira da Bahia, no Ginásio Antônio Balbino, em 1966. Debateram algumas vezes por meio da imprensa, em matérias conduzidas pelo tom do rivalismo. Reportagem da Tribuna da Bahia, publicada no dia 13 de novembro de 1969, fez surgir algumas rusgas. No segundo caderno, a Tribuna intitulou: “Bimba e Pastinha, um duelo de titãs”. Ali argumentaram sobre os estilos de cada um, e fizeram questão de estabelecer diferenças.
“Capoeira angola é uma dança. Se oficializarem a capoeira será a regional, que se presta para a luta”, defendia Bimba. A resposta vinha em forma de ironia. “Bimba ensina os seus alunos a jogar mais ligeiro, enquanto eu determino aos meus movimentos lentos e manhosos. Capoeira veio de Angola. Regional é um mito. É apenas um nome criado por mestre Bimba, angoleiro como eu”. Com frase escrita na parede da academia, Pastinha também provocava. “Capoeira, só angola. Angola, capoeira-mãe”. “Para Bimba, a capoeira é invenção nacional, brasileira, originária das senzalas do recôncavo. Pastinha finca nas tradições da diáspora africana, dos negros trazidos para a escravidão”, elucida Antônio Liberac.
Fato é que disputaram os espaços culturais e políticos da época. Ambos tornaram a capoeira reconhecida entre as diversas classes sociais, e pleiteavam cada vez mais admiradores. Simpósios e congressos, como o que aconteceu em 1969, no Rio de Janeiro, tentaram unificar os estilos. Em vão. “Mestre Bimba retirou-se antes do término, pelo baixo nível da discussão. Pastinha, por sua vez, se negou a marcar presença”, narra matéria do jornal A Tarde daquele ano. As dissensões entre os dois não passavam disso. “Eram incitados o tempo todo, mas não tinham por que brigar”, concorda Manoel Nascimento Machado, o mestre Nenel, filho de Bimba.
Fala-se, inclusive, numa carta de Pastinha, enviada a Bimba, convidando-o para visitar a academia. O mestre nunca se fez presente, mas teria enviado alguns regionais. “Eles iam vadiar com a gente, sim. Ezequiel, Itapuã, Camisa Roxa, eram todos da capoeira regional”, recorda mestre João Grande, seguidor de Pastinha. Apesar das ponderações, as “alfinetadas” permanecem até hoje, principalmente nas palavras do angoleiro Gildo Lemos Couto, o Gildo Alfinete. “Bimba usou a capoeira para transformá-la numa outra coisa. Como alguém vai roubar sua mulher e você vai gostar?”, polemiza.
Ao esgueirar-se pelos dois ambientes, Ângelo Decânio Filho parece encontrar o cerne da questão. “A discussão se mantém porque Bimba é a face belicosa e guerreira. Pastinha é o exercício da habilidade, onde se mostra ao adversário que pode atingi-lo, mas não o faz”. De fato, Bimba voa sobre o oponente, tira o corpo do chão em ataque certeiro. Pastinha atua, finge-se bêbado, faz da roda teatro, representa personagem em jogo lento, não menos fulminante. Traz à memória aquelas imagens em que aparece no filme de 1949, com ginga inconfundível, num nostálgico preto-e-branco.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

MÁRTIR DA CAPOEIRA - XIII

Hierarquias complexas
Pastinha cria regras para o jogo e proíbe golpes traiçoeiros, como o dedo nos olhos, a cabeçada solta e a meia-lua baixa. Elabora hierarquias complexas para que a capoeira seja praticada de forma desportiva. “Deu ao centro mestre de campo, mestre de canto, mestre de bateria, mestre de treinos, contramestre, arquivista...”, enumera Ângelo Decânio Filho, estudioso dos seus manuscritos. “O próprio uniforme preto e amarelo, inspirado nas cores do Ypiranga, representou mudança voltada para os princípios acadêmicos. Mestre Pastinha não consentia que se jogasse descalço e sem camisa em sua academia”, confirma trecho do livro de Liberac. Em 1952, redige-se o primeiro estatuto do Ceca.
A contribuição de Pastinha na escritura do regulamento vem por meio de palavras fortes, resumo da ética que propunha para seus discípulos. “Meus irmãos, ao iniciarmos os nossos trabalhos quero fazer sentir a todos os presentes e a quantos venham se integrar a nosso meio que a base fundamental do nosso centro é a boa conduta, educação social, solidariedade humana e sobretudo a prática do bem, não usando a arma poderosa que é a capoeira a não ser em legítima defesa”. Era a única instituição de angola organizada, onde os alunos recebiam diploma e carteira de identificação. À época, a campanha de Pastinha surgiu com tanta força que chegou a criar rivalidade com outras manifestações culturais de mesmo porte, a exemplo da capoeira regional, liderada por Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba.

MÁRTIR DA CAPOEIRA - XII

Faceta marginal
O resgate do passado significou a quebra dos laços com a rua. Pastinha consegue tirar a capoeira da desorganização e termina por romper culturalmente com sua faceta marginal, vinculada ao crime. “Eu sei que tudo isso é mancha suja na história da capoeira. Mas um revólver tem culpa dos crimes que pratica?”, questiona. Eram tempos de arruaça e diversão. “Nas primeiras décadas do século passado, a capoeira estava entre a ordem e a desordem, a violência e a festa”, analisa Adriana Albert Dias, autora de Mandinga, manha e malícia, livro que reconstitui o cotidiano dos capoeiristas entre 1910 e 1925.
Quando jovem, tais contradições são vivenciadas de perto pelo próprio Pastinha. Por “vadiagem”, o nome do mestre foi parar algumas vezes nas fichas policiais. Não andava desprevenido. Usava faca de dois cortes na cintura e pequena foice no cabo do berimbau para se proteger das ações da polícia, geralmente iniciadas por pura provocação. “Se estava numa vadiação, num grupo com o berimbau na mão, eles passavam e entendiam de tomar. Aí inflamava, né? Tive algumas vezes a polícia encima de mim. Bati alguma vez em polícia desabusado, mas em defesa de minha moral e do meu corpo”.
A saída seria realizar as rodas em locais fechados, longe dos olhos das autoridades. Pastinha tinha planos audaciosos para fazer da capoeira prática reconhecida e valorizada. Chegou a criar algumas academias de treinamento, ainda sem estrutura. Somente com o convite da Gengibirra pôde realizar seu maior sonho, a fundação do Centro Esportivo de Capoeira Angola (Ceca), em Brotas, mais tarde transferido para o Pelourinho. “Dentro da academia seu ensino foi fundamentado na valorização da cultura afro-brasileira e em princípios éticos bem diferentes do que se aprendia nos tempos dos valentões”, compara o capoeirista e doutor em educação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Pedro Abib.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

MÁRTIR DA CAPOEIRA - XI

Tradição reinventada

Mudanças implementadas por Pastinha condenam a violência e valorizam a ludicidade da tradição afro.
Em preto-e-branco as imagens são ainda mais nostálgicas, revelam passos saudosos de um “bêbado” alucinante, evidenciam a ginga inconfundível de um bailarino, mais que lutador. Na ponta dos pés, Pastinha joga a capoeira que se perdeu no tempo, não existe mais. Os alunos estão reunidos na roda, têm o mesmo figurino, são atores de verdadeira peça teatral, tão artística quanto perigosa. O mestre, porém, tem cuidado, dá balão, projeta o corpo do adversário para o alto, escora para que aterrise no chão com segurança.
As gravações em película são de 1949. O filme de Alceu Maynard não tem mais do que 15 minutos, mas é uma das raríssimas gravações em que Pastinha aparece em ação. Ali a brutalidade já havia sido banida das rodas do mestre. O estilo Pastinha é lento, cadenciado, sem que necessariamente seja preciso atingir o adversário. “Tem que fazer que vai e não vai quando menos se espera”, sugeria. Pensou a capoeira para que fosse aceita por todos, sem exceção. “É pra homem, menino e mulher. Só não joga quem não quer”. Na roda em que Pastinha era o mestre, quase tudo não passava de representação, era brincadeira controladamente arriscada.
“Repare nos movimentos. O lúdico é que interessa. As alterações deram vazão a um teatro na roda”, observa o pesquisador Frede Abreu, ao examinar a relíquia em vídeo. Abreu se refere às transformações no modelo de praticar a capoeira tradicional, pelas quais Pastinha foi o maior responsável. “Diferente do que muita gente pensa, ele não criou a angola, criou um tipo específico dentro da capoeira, mais condizente com os preceitos tradicionais”, esclarece. De fato, Pastinha é educador da roda, torna elegante e civilizado os modos de jogar.
Para tanto foi preciso voltar no tempo, reinventar antiga tradição. Como guardião dos segredos de angola apresentava sua capoeira como original, pura, fruto da experiência africana e escrava no Brasil. Buscou traços primitivos nos rituais religiosos dos candomblés, nas danças dos ancestrais e até nos movimentos dos bichos. “Nessas práticas estariam a essência da capoeira. Com elas teria ganhado movimentos lúdicos e de defesa”, aposta o antropólogo Antônio Liberac. Ao adequar os ritos africanos às regras do jogo, criou modelo único e inovador.