
Saiu da lavoura, em Itagi, para ser premiado Doutor Honoris Causa pela Universidade Upsala College, de Nova Jersey. Não deixa o hábito de mascar cravos e usar a peculiar boina. “Quanto aos discípulos, ele acertou em cheio. João Pequeno e João Grande levaram pra frente o seu projeto de vida. São, de fato, os caras que amam a capoeira, as sementes de Pastinha”, aposta Frede Abreu. “A cultura popular é dinâmica. Mas existem muitos sinais da tradição ainda presentes nas formas de transmissão daqueles saberes, que os dois joões mantêm nas suas escolas”, complementa Pedro Abib.
Aqueles saberes iam da mais pura sabedoria popular às mais complexas e abstratas noções. “Qual o golpe mais importante da capoeira?”, perguntou uma jornalista. Era a deixa para resposta irônica. “A carreira. Se não pode enfrentar o adversário, corra”. Curiosa versatilidade de idéias. Escrevia muito e falava pouco, mas quando se fazia ouvir a voz mansa e arrastada, disparava pérolas. “Você tem uma boca e duas orelhas. É pra ouvir mais e falar menos”. Bebia na cultura popular para brincar com as palavras. Assim deixou sua herança. “O grande filósofo da capoeira. Não teve outro, não tem, nem vai ter”, profetiza Frede Abreu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário