quinta-feira, 8 de abril de 2010

Gripe suína, Revolta da Vacina e capoeiras cariocas


Durante os próximos meses iremos voluntariamente ao posto de saúde mais próximo exercer nosso direito de cidadão receber a vacina contra a gripe suína. Porém no início do século passado quando se falava em vacinação a realidade da área da saúde era outra, assim como a realidade dos capoeiras.
Em 1904 saneamento básico era praticamente inexistente nas comunidades pobres e marginalizadas, o que desencadeava diversas epidemias, como de febre amarela e varíola. Para amenizar a situação o então presidente Rodrigues Alves destina o médico Oswaldo Cruz para ser chefe do Departamento Nacional de Saúde Pública que, por sua vez, promove uma campanha de vacinação obrigatória nos morros cariocas com o intuito de melhorar a qualidade de vida da população. A idéia era aparentemente boa. Aparentemente.
A campanha foi promovida de forma violenta e autoritária, onde os agentes sanitários invadiam as casas e aplicavam a força o medicamento naqueles que nem sequer sabiam o que era vacina. Começou, então, a revolta e resistência popular. É nesse ponto que os capoeiras entram.
Os capoeiras cariocas tiveram participação ativa nos conflitos junto com as autoridades sanitárias. Tal atitude agravou a perseguição que já existia tanto historicamente quanto legalmente. Desde 1890, quando nasceu o Código Penal da República, a capoeira era crime, quando começaram verdadeiras caças e prisões aos capoeiras. Todo negro e crioulo pobre poderia ser investigado (inclusive de formas violentas) e condenado por capoeiragem.
Sendo assim, vemos que os capoeiras estiveram presentes na história do nosso país de diversos modos. Infelizmente, por muito tempo, marginalizados e incriminados. Apesar de a capoeira ter deixada de ser crime em 1937 o preconceito se perpetuou e demorou 80 anos para ser valorizada ao ponto de virar patrimônio nacional.
Que tentemos, cada vez mais, valorizar nossa bonita cultura sem deixar de exercer nossos direitos! Vacinem-se!
Por: Nayara Araujo

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